Entre os anos de 2003/2004, pe. Edilberto Sena, até então diretor da Rádio Rural de Santarém, iniciou uma empreitada para unir as várias emissoras de rádio instaladas nos municípios da região amazônica. Acreditava, ele, que estas emissoras estavam isoladas e fazendo seu trabalho em seus cantinhos, uma sem saber o que ocorria nas áreas das outras. Várias delas, coirmãs do tempo do Movimento de Educação de Base – MEB.
Em 2004, com apoio financeiro da ADVENIAT, entidade católica Alemã, foi realizado o primeiro seminário sobre a construção da rede amazônica de emissoras. Reuniram-se em Manaus representantes de sete emissoras da região (Rio Mar de Manaus, Educadora de Tefé, Educadora de Coari, Rádio Guajará-Mirim, Rural de Santarém, Rádio Nazaré de Belém e Rádio comunitária de Borba), as quais discutiram a importância, viabilidade e abrangência da futura rede. O entusiasmo foi grande, tanto que um novo encontro foi marcado, desta vez para aprofundar a discussão e a construção, da que passou a ser chamada já a partir daí, de Rede de Notícias da Amazônia (RNA).
Afortunadamente, no mesmo ano de 2004 pe. Edilberto Sena teve um encontro, por acaso, com o consultor de comunicação das Dioceses da Alemanha, Christoph Dietz – da Consultoria de Mídia para católicos (CAMECO), em Aachen, na Alemanha, que se comprometeu em apoiar o projeto.
Em 2005, como indicação de Dietz, Francimar Farias (então funcionária da Rádio Rural) e pe. Edilberto Sena participaram de assembleia da Associação Latino Americana de Educação e Comunicação Popular (ALER), onde expuseram a proposta da RNA. O projeto entusiasmou a direção executiva da ALER que ofereceu gratuitamente um espaço no seu canal de satélite para as transmissões dos programas que a RNA viesse a produzir.
A partir daí outros seminários e oficinas de capacitação foram realizados em Santarém, Belém e Manaus, com orientação de Christoph Dietz, o qual visitou as emissoras: Rio Mar de Manaus, Alvorada de Parintins, Rural de Santarém e Nazaré de Belém, para conhecer a estrutura e o trabalho desenvolvido por cada uma das rádios.
Em 2007, a ALER decidiu criar um grande projeto Pan-amazônico de emissoras nos moldes do projeto RNA. Surgiu, então, o projeto Rede Intercultural Amazônica de Rádios (RIAR), com apoio do governo espanhol. Este projeto visava dar estímulo às culturas regionais nos seis países amazônicos ligados à ALER: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. O projeto RIAR garantiu a realização de seminários sobre culturas, visita às comunidades, coleta de relatos e contos amazônicos, bem como a oportunidade de as emissoras produzirem programas focados nas culturas locais.
Em julho de 2007, por ocasião do Mutirão Brasileiro de Comunicação, em Belém, representantes de algumas emissoras da região (Rádio Nazaré, Rádio Rural de Santarém, FM Monte Roraima, Rio Mar de Manaus e Alvorada de Parintins) encontraram-se para definir o estatuto e escolher a logomarca da Rede. Nascia legalmente então a Rede de Notícias da Amazônia – RNA.
Em março de 2008, pe. Edilberto Sena foi a Quito para um seminário com integrantes do projeto RIAR. No encontro, a coordenação da ALER o alertou que este projeto seria prioridade naquele ano com apoio financeiro e tecnológico, porque a RNA deveria ser o modelo para os outros países de RIAR, mas precisava de uma gestão mais definida, além do coordenador. Foi então, que se escolheu Joelma Viana, então funcionária da Rádio Rural (cabeça de Rede) para gerir o projeto.
Em abril deste mesmo ano, representantes de cinco emissoras de rádio (Alvorada – Parintins, Educadora de Coari, Rio Mar de Manaus, FM Monte Roraima de Boa Vista e Rádio Rural de Santarém) reuniram em Santarém e definiram como seria o formato dos programas a serem produzidos em rede. Também foram definidos missão, visão e objetivos. No dia 19 de maio deste mesmo ano, iniciou-se o Jornal Amazônia é Notícia (JAN) inicialmente com 15 minutos de duração, veiculado em três Estados (Pará, Amazonas e Roraima).
A proposta ganhou força e no ano seguinte (2009) outras emissoras aliaram-se à RNA: Rádio Verdes Florestas de Cruzeiro do Sul (ACRE), Rádio FM Castanho do Careiro Castanho (AMAZONAS) e Nazaré FM de Belém (PARÁ). Neste mesmo ano, a RNA ampliou o tempo de veiculação do Jornal de 15 para 30 minutos de segunda a sexta-feira.
Em 2010, mais três emissoras de Rádio se uniram à Rede de Notícias: Rádio Comunitária Novo Milênio de São Gabriel da Cachoeira (que após alguns anos de funcionamento acabou perdendo a concessão e encerrando os trabalhos) e Rádio Educadora de Tefé (AMAZONAS), Rádio Educadora de Guajará-Mirim (RÔNDONIA).
Com a ampliação do número de emissoras, ainda em 2010, sentiu-se a necessidade de um novo programa, desta vez com foco na educação ambiental. Nascia então o Caminhos da Amazônia, o qual seria produzido a cada semana por uma das emissoras sócias e veiculado aos finais de semana. No ano seguinte (2011) mais emissoras aliaram-se à RNA, Boa Notícia de Balsas (MARANHÃO) e Rádio Conceição de Abaetetuba (PARÁ).
Atualmente a Rede de Notícias da Amazônia é formada por vinte (20) emissoras de rádio de sete estados da Amazônia (Pará, Amapá, Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre, Maranhão). A meta é chegar aos Estados de Tocantins e Mato Grosso cobrindo toda a região amazônica. Do Mato Grosso já está se dispondo a associar-se a Rádio Nazaré do município de Juína. De Palmas, Tocantins, o bispo local manifestou interesse em associar uma emissora da capital.
Além disso, a RNA tem aliança com a Rede Pan Amazônica da ALER, a Rede Eclesial Pan Amazônica (REPAM), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Organização Não Governamental Justiça nos Trilhos, Conselho Indígena de Roraima (CIR) e Rede Católica de Rádios – RCR.
Os programas, tanto o noticiário quanto o Caminhos da Amazônia, são veiculados em toda a América Latina pelo satélite da ALER, e podem ser acessados no site da RCR. www.rcr.org.br
A caminhada continua…
Em 2018, após uma formação para comunicadores realizada no município de Ananindeua, quatro emissoras educativas da região passaram a integrar a Rede de Notícias (Rádio São Francisco FM de Muaná – Pará; Rádio São João FM de Curralinho; Rádio Magnifica FM de São Sebastião da Boa Vista e Rádio Itaguary FM de Ponta de Pedras)
Em 2020, com o objetivo de ampliar os espaços de comunicação entrou no ar o site da RNA: redenoticiasdamazonia.com.br. Essa conquista foi graças a uma parceria com a SIGNIS Brasil, da qual a Rede é sócia.
Em 2021, a RNA mudou de endereço. Saiu do Prédio da Rádio Rural, onde funcionava, para um espaço alugado. Esse foi um passo importante para a ampliação dos trabalhos e parcerias. Um ano depois, em 2022 a Rede com o apoio das Organizações Missionszentrale der ranziskaner e ADVENIAT adquiriu seu prédio próprio, um espaço para sonhar com novos projetos de comunicação.
Ainda no mesmo ano, a Rede de Notícias da Amazônia passou a integrar a Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores do Instituto Vladimir Herzog.
Em 2023, a Rede firmou uma parceria com professor Guilherme Githay da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) para o desenvolvimento do Projeto Ampliando Vozes no Médio Solimões. O Projeto conta ainda com a parceria das rádios de Tefé e Coari.
E no dia 19 de maio de 2023, a Rede completou 15 anos de atuação na Amazônia com o compromisso de continuar amplificando as vozes dos lutadores sociais desta imensa região.